segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aprender.

Sou aluno de um curso de pós-graduação em Gestão da Educação numa faculdade particular aqui do Recife. Tenho aulas todas as quartas e sábados. Embora ache insuficiente, fico quase que esperando que os dias cheguem, por dois motivos: o primeiro, para que eu possa aprender mais sobre o assunto, que me fascina; o segundo, bem...para que passe logo e seja um dia a menos de curso.

Eu explico. O lance é que eu sou louco por educação. Desde que paguei, por engano, uma cadeira sobre o assunto na faculdade de Biologia, fiquei alucinado pelo tema. De repente, alguma coisa finalmente fez sentido para mim. Percebi que é graças à educação, seja ela de casa ou da escola, que somos o que somos hoje. E vi nisso o meu futuro. Nasci para instruir. Sobretudo, porém, para aprender.

E aprender é difícil. E chato, muito chato. Quando sei que vou passar 7 horas de um sábado dentro de uma sala de aula discutindo sobre um assunto só, minha reação não é outra senão preguiça. Sinto vontade de ficar em casa, sair, fazer qualquer coisa, menos ir à aula. É contraditório? Sim. Mas como pode ser, se eu sou fascinado pelo assunto? É possível gostar e não gostar ao mesmo tempo?


Depende. É comum o desinteresse que se tem por aulas. A ansiedade por sair da sala, querer fazer qualquer outra coisa, que não seja assistir àquilo. Isso se passa em qualquer colégio, faculdade ou curso técnico. O motivo é muito simples: os alunos estão cansados. Cansados desse formato enfadonho, repetitivo, rotineiro. A sala de aula é um espaço fantástico, maravilhoso. E chato.

Não só para os alunos. Também, e principalmente, para os professores. São eles os comandantes do local, aqueles que tem a primeira voz. Sem essa hipocrisia de que "professor e aluno são um só, e blablabla." Em qualquer colégio do mundo, o professor É autoridade dentro de sala. Infelizmente, essa autoridade não é respeitada, fazendo com que o professor tenha muita dificuldade em lecionar.

Essa dificuldade gera desmotivação. Desmotivado, o professor se boicota. Ruim para ele, pior para os alunos. Estes, em contrapartida, aumentam o tom da conversa, pioram as piadas e pouco se importam com o assunto a ser ensinado. Percebeu o círculo vicioso? Se não aqui, lembre-se da sua infância, na sala de aula. Para quem nasceu nos anos 90, o que descrevi acima é bem familiar.


Por que isso acontece? Há muitos motivos, a maioria dos quais não vou pôr nesta postagem, para justamente enfatizar apenas um deles, bastante simples e direto: o formato do ensino atual. Pense bem: 70 alunos por sala, dispostos em fileiras, e um professor lá na frente, expondo um ou mais assuntos em 50 minutos, para que haja fixação do conteúdo pelos educandos.

Percebeu o que eu escrevi? Fixação. Onde está a aprendizagem? Para onde ela foi? Para qualquer lugar, menos para a sala de aula. Não existe mais aprendizagem nas escolas secundaristas do país. O que existe é uma gente tão preocupada com o futuro que boicota o aprender e enfatiza o memorizar, a fim de "ser alguém na vida, passar no vestibular, ir à universidade, rapar a careca, tirar a sobrancelha."

Temos estudantes brilhantes, cada um à sua maneira. Pessoas as quais a escola não presta atenção, por não serem o modelo de alunos que querem que sejam. Temos professores geniais, que se boicotam e usam apenas 1% de sua capacidade. Tudo isso por termos um padrão de ensino que preza pelo depósito de conteúdos, e nada mais. Um padrão ultrapassado, velho, engessado e extremamente aborrecedor.


Por isso que eu conto as horas para que a aula acabe. Minha mente fica absolutamente entediada com tudo isso. Não que eu não goste de estar em sala. É só que, nessas condições, fica muito chato. Tenho alunos que se comportam da mesma forma que eu. Procuro não recriminá-los. Pois o que pedem é nada, além de valorização. Toda a comunidade escolar pede isso, aliás. E não tem. Não nos dias atuais.

Boa semana!

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